sexta-feira, 24 de maio de 2013

Produção - Afundando


Apenas sentia vontade de ficar só. Ficar só, mas com alguém. No quarto, chorava as mágoas, relembrando do passado, pensando nas pessoas que já passaram pela sua vida. Os amores perdidos, que saberia serem apenas paixões, fugazes e temporárias. Intensas, não extensas.
Ele queria alguém para cuidar. Tinha essa necessidade. Também queria ser cuidado. E tinha essa necessidade. Um aperto no coração tomava conta e a negra solidão invadia seus pensamentos. Mais negra do que a noite. Numa tristeza sem fim, passou horas e horas ali, no quarto, na cama, afundando em sentimentos, afundando em pensamentos, afundando seu corpo no colchão cada vez mais frio, afundando entorpecido pela dor, pela solidão, pelas vontades.
Com palavras, alguém machucou ainda mais. Com imagens, alguém cutucou uma ferida. Com atitudes, alguém acabou com seus sonhos. Bastou. A vontade aumentou. Precisa de alguém. Precisa de uma paixão. Precisa de um amor. Alguém que chegue e fique. Apenas em sua vida.

sábado, 11 de maio de 2013

Produção - O encontro


O tic-tac do relógio era quase imperceptível aos ouvidos, mas soava na mente daquele menino, que só queria fugir dali na melhor oportunidade. Com o coração acelerado, nem entendia o que a professora escrevera no quadro. Era a orientação para o tema de casa, mas isso não importaria naquele dia.
No seu relógio, 17 horas. Porém, o sinal da escola ainda não tinha batido. O coração, sim, batia mais rápido. As mãos suavam. As pernas criavam vida própria e não paravam quietas. De segundo em segundo, o garoto olhava o relógio. Era questão de tempo para a aula acabar, mas não sabia quanto tempo.
Subitamente, o som estridente despertou a sala de aula comportada e todos os alunos levantaram para guardar os materiais, exceto ele. O momento esperado chegou, mas, como em estado de choque, não sabia o que fazer.
Pensou em desistir. Deixar para outro dia. Fugir. Sair pelo outro portão. Retomou a consciência. Decidiu. Esperava por esse momento há tanto tempo, por isso não podia desistir.
Não queria demorar, mas parecia que seus movimentos eram cada vez mais lentos, contrários à rotação dos ponteiros do relógio. Foi o último a sair da sala. Manteve a postura confiante, como se essa não fosse a primeira vez. Na verdade, o corpo tremia. As mãos suavam.
No local marcado, encontrou a garota. Ainda de longe, provou o extremo dos sentimentos: admirava a menina mais linda da escola e temia não saber o que fazer. Levitava nos pensamentos e caía ao chão quando lembrava do encontro.
- Oi.
- Oi.
Não havia assunto. Não teria conversa. Em movimentos incertos, ele pegou-a pela mão. Olhou para o chão, tomou coragem e encarou os olhos verdes da garota tímida que também o olhava. Ela sorria lindamente, como uma princesa. E aquele sorriso iluminava ainda mais a sua pele morena. Nele, o sorriso nervoso se instalava.
- Não precisa, se você não quiser.
- Mas eu quero. E já faz tempo - disse o garoto.
Foi aí que ele viu os olhos verdes chegando mais perto. O corpo tremia ainda mais. Os lábios, aos poucos, se encontraram e ele se perdeu em meio ao beijo mais gostoso que já tinha provado. O primeiro beijo.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Produção - Imagino

Imagino como seria a vida com você. Acordar todos os dias do teu lado, sentir tua pele quente encostada na minha e ter o prazer de te despertar com um beijo. Preparar o café e trocar carinhos entre um biscoito e outro. Desejar um ótimo dia de trabalho e dizer que estarei esperando para o jantar. Lembrar de você durante o trabalho, voltar para casa e te esperar para sairmos. Sim, tomar banho juntos, conversar sobre as conquistas do dia, as coisas positivas e negativas, e solucionar tudo com um beijo. Dormir ao teu lado, sentindo o teu cheiro, com teu corpo me aquecendo, em uma troca constante de energia. Imagino como será a vida quando eu realmente tiver você comigo.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Produção - No alvo

Alguma coisa o incomodava naquela noite. E ele desconhecia o verdadeiro motivo. Podia ser que o jantar não tivesse caído bem, que tivesse assistido a um filme depressivo, escutado coisas ruins ou que tivesse conversado sobre assuntos desagradáveis. Poderia ser qualquer coisa, mas a razão por se sentir dessa forma vinha de uma mistura de lembranças, fatos e intuições. O resultado disso era o cansaço. Um cansaço diferente. Não físico, mas psicológico e emocional. Ele estava cansado de ser enganado, de não conhecer a verdade dos acontecimentos, de ser trapaceado e ainda ser rotulado de bobo, por relevar situações e continuar oferendo ajuda e amizade.
O mais complicado é que ele não compreendia esse cansaço, apenas sentia. Era um incômodo indescritível e sem razão. Em sua cabeça, pontos de interrogação. Em seu coração, exclamações, vírgulas, interrogações, reticências e um ponto final, que doía como uma flechada.

domingo, 5 de maio de 2013

Produção - Ciclo

As coisas sempre são boas no começo. Um olhar apaixonado, um comentário cheio de insinuações, carinhos, palavras doces e beijos gostosos. Com o tempo, tudo isso passa e você percebe que se meteu em uma enrascada. Uma cerca de arames farpados da qual não teve como desviar e se machucou. Sempre machuca. O ciclo começa bem e termina péssimo. É e sempre será dessa forma. Com qualquer um. "As coisas são assim. E, se será, será."

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Produção - Infelizes

Parou para pensar na vida, nos amores, nas cores, e viu que tudo o que aconteceu foi bom. Bom para aprender. Bom para entender que nada é fácil, que a vida dá e tira ao mesmo tempo. Dá direito ao amor e tira a razão da mente. Olhou para a tela do computador e decidiu abandonar de vez qualquer sentimento que ainda nutria. Desejou ardentemente que sejam felizes. Para todo o sempre. Infelizes.